Criança aprende com afetividade


O processo de ensino e aprendizagem tem sido tema de várias discussões entre educadores, pais e governantes, pois há uma preocupação com o futuro acadêmico da sociedade brasileira; a mão de obra precisa ser qualificada; e não adianta o olhar ser só romântico de que a preocupação social é com o indivíduo e suas relações, já que se vive em um mundo capitalista e individualista.
Na prática estas questões precisam ser equalizadas, a fim de que aluno tire maior proveito do período de escolarização que lhe é ofertado. Para tanto, pontuamos a necessidade do investimento na afetividade, pois sem ela a aprendizagem perde-se pelo caminho. É comum nas falas de adultos “aprendi a gostar de matemática, por causa do professor tal”. Nas relações afetivas é que se constrói o conhecimento.
O tempo de maturação de cada indivíduo pode variar e o docente deve estar atendo para as peculiaridades do alunado, visto que a falta do equilíbrio ao oferecer situações de aprendizagem pode acarretar dificuldades de aprendizagem, é como forçar um parafuso grande a encaixar em um buraco pequeno. A sensibilidade, conhecimento das fases de desenvolvimento e pesquisa constante são essenciais para o profissional da educação que atua neste cenário social líquido, seguindo o conceito do sociólogo polonês Zygmunt Bauman.
É necessário investir nas relações afetivas dos envolvidos no processo de ensino aprendizagem, principalmente no ambiente inclusivo que está permeado pelo mosaico de etnias e classes sociais. A escola carece do olhar e da escuta para com o outro, mais diálogo, menos monólogo. Nesse exercício de alteridade as necessidades e os momentos adequados de intervir são entendidos, a fim de promover o desenvolvimento pedagógico e emocional dos protagonistas.
A questão afetiva é combustível para a motivação interna ser despertada para a aprendizagem, na infância principalmente, pois até aos 11 anos a criança aprende para o outro, por exemplo, quando a criança faz algo legal na escola, a primeira coisa que ela diz “professora, posso levar para minha mãe ver?”. Porque existe a necessidade de completude no outro. Na fase adulta isso é diferente, pois temos na maioria das vezes controle das emoções, e domínio sobre as vontades.
Sendo assim, a atenção precisa estar voltada não só para o pedagógico, mas para as relações afetivas em que a aprendizagem se constrói, pois se não tem para quê, aprender por quê? A criança inconscientemente faz esta relação, principalmente na sociedade que se configura, e não aceita qualquer ensino, é seletiva.  O docente precisa estar atendo não só às pistas verbalizadas, mas também às veladas.
Rosane de Carvalho

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